sexta-feira, 31 de maio de 2013

Casas Fluminense "Seminário Pensando a Metrópole" na UERJ/FEBF.

Com a tarefa de levantar propostas para a superação da violência na região com as maiores taxas de homicídios no estado do Rio de janeiro, em especial a violência contra a Juventude Negra, foi realizada a oficina de Segurança Cidadã na Baixada Fluminense. A oficina aconteceu no dia 24 de maio, na UERJ/FEBF, e marca a criação do Núcleo de Segurança Cidadã da Casa Fluminense.
A oficina foi coordenada por Dudu do Morro Agudo e Henrique Silveira e se dividiu em dois momentos. Primeiro uma apresentação do Programa Juventude VIVA pelo Artur Sinimbu, Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental da SEPPIR, via Skype. “O Plano Juventude Viva constitui uma oportunidade histórica para enfrentar a violência, problematizando a sua banalização e a necessidade de promoção dos direitos da juventude. Além das ações voltadas para o fortalecimento da trajetória dos jovens e transformação dos territórios, o Plano busca promover os valores da igualdade e da não discriminação, o enfrentamento ao racismo e ao preconceito geracional, que contribuem com os altos índices de mortalidade da juventude negra brasileira”. Infelizmente por problemas de banda larga, a transmissão foi encerrada no início da apresentação.

Em seguida, José Marcelo Zacchi apresentou um panorama sobre a segurança pública no Rio e os desafios da segurança Cidadã. “O Estado do Rio conseguiu diminuir sua taxa de homicídios de cerca de 40 mortes por 100.000 habitantes ao ano para 26. A instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) representa um avanço, pois deslocou a lógica do confronto com a favela para uma ação de proximidade, prezando pela segurança do território e seus moradores”. No entanto, os problemas persistem, pois a redução média esconde dinâmicas muito distintas de acordo com os territórios. A instalação da UPPs nas áreas centrais da capital mantém em segundo plano as atenções à maior parte do território e da população da metrópole, e às regiões onde se concentram as maiores taxas de homicídio do Estado hoje, e onde elas vêm recentemente crescendo, em especial a Baixada Fluminense. Na sua conclusão José Marcelo afirmou que “uma política de segurança efetiva somente é possível com uma forte articulação entre a sociedade civil e o poder público, através da garantia de direitos e do fortalecimento democrático dos territórios.”

Na segunda parte da oficina, Dudu e Henrique levantaram duas perguntas para o público: Como mobilizar o governo e a sociedade civil para questão da violência contra a Juventude Negra? Como mapear os territórios com maior vulnerabilidade social para a juventude negra?
Mauro Amoroso, professor da FEBF, Falou sobre a naturalização da violência policial pela população. “As pessoas acham que é normal um policial efetuar disparos contra traficantes em frente a escola. É necessário reconstruir nossa visão sobre a violência”, disse Mauro.
Priscila Oliveira, moradora de Belford Roxo e estudante da FGV, falou sobre a importância do diálogo com a juventude, principal vítima da violência. “Precisamos chegar nesse jovem e descobrir o que ele quer”, disse Priscila. “Reconhecer as diferenças, construir uma visão compartilhada de futuro e apoiar trajetórias de estudo e trabalho são componentes importantes na construção dos vínculos com essa juventude”, completou Henrique Silveira.

Sobre a proposta de mapeamento, Wellington Conceição, falou do mapa afetivo, uma estratégia utilizada na Agência de Redes para a Juventude. “Pedíamos para os jovens mapear os locais onde eles se divertiam. Isso aumenta o conhecimento e o vínculo do jovem com o território”, disse Wellington.
O professor Antonio Carlos , diretor da Biblioteca Municipal Gov. Leonel Brizola, falou sobre a transformação negativa que o bairro Cangulo está sofrendo. “Nosso bairro nunca viveu uma situação tão violenta. Os traficantes que migraram do Rio de Janeiro transformaram o cotidiano dos moradores e o confronto entre traficantes de facções rivais tomou uma proporção que não existia no bairro.” Ao final, Antonio convidou a Casa Fluminense para realizar atividades nos bairros mais distantes. “Não basta realizar reuniões somente no centro de Caxias. Temos que ir para o 2° e 3° distrito discutir com os moradores que sofrem diariamente com a violência”, concluiu.

Em seguida, Dudu falou que o Enraizados realizará Ações Culturais em Nova Iguaçu para mobilizar os jovens e iniciar o mapeamento das comunidades com maior vulnerabilidade social. “O Enraizados já trabalha com arte, rap, dança e grafiti. Levaremos essas e outras ações para envolver os jovens nas ações do Programa Juventude VIVA”. O Enraizados está desenvolvendo em parceria com a Casa Fluminense uma metodologia para mapear os territórios e seus equipamentos públicos. “Queremos produzir informações sobre os territórios, levantar as demandas da juventude e discutir com o governo quais serão as ações desenvolvidas pelo Programa Juventude VIVA em Nova Iguaçu”, concluiu o Dudu.

Finalizando a atividade, Henrique falou sobre os próximos passos do Núcleo de Segurança Cidadã e os desdobramentos da oficina. “Temos duas coisas para fazer: primeiro precisamos montar um mapa dos bairros com as mais maiores taxas de homicídios, por município, da Baixada Fluminense. Precisamos identificar o TOP 10 dos bairros mais violentos e perigosos para a Juventude Negra. Para essa tarefa a Casa Fluminense vai articular com instituições parceiras que podem produzir essas informações”. A segunda ação é o mapeamento #BaixadaVIVA, uma série de crônicas e reportagens sobre esses bairros. “As crônicas sobre os bairros de D. de Caxias serão publicadas no site lurdinha.org e as crônicas de Nova Iguaçu serão publicadas no siteenraizados.com.br. Essas reportagens podem ser produzidas por qualquer pessoa e quem quiser postar nesses sites é só entrar em contato com a gente. Também pode publicar em outros sites, mas é importante que as reportagens possuam a hastag #BaixadaVIVA para identificar que fazem parte do mapeamento”, concluiu Henrique.

Nenhum comentário: